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Carne e Osso, fé e festa.

 

Do cuspe no chão a dor na lombar, era mais um dia de sol, tardou pouco, aquela ressaca infernal explodindo não tinha chance, trabalho é trabalho, siô.

E olha que, esse anestésico é diário. Café aqui, gargantardente pra aguentar a bofetada semanal. Sem mais nem menos. No frenético ritmo da ardência cotidiana. Inevitável descontentamento.

- Ô siô! Tu já sabe se passou o ônibus? Rapá já tou mais de meia hora e nada  mermão. Égua, eu já tou até atrasado, siô. E nada dessa fulerage ó?

Garganta seca, dói um bocado a boca do estômago. O intestino diz que tá tudo errado, mas é complicado não saber de onde que vem a bala, apesar de achar o chefe o fidumaégua.

Rasteja até mais um tempo, chega, rotina metralhadora, legbara abre o caminho e cochicha que um dia vai melhorar. Tempos difíceis némermo.

Cárie, pé rachado, a vontade de bater o tambor, ai meu São Benedito! Essa eira, essa feira visceral, o corpo aruanda, sonhando com Luanda, com o pé fincado na areia pra rastar um samba de cacete: Ô siô, chegou a hora, chegou a hora, vamo simbora, Mariana é bondosa e vai nos ajudar.

Parece até um sonho, troço desse né Siô?

O ônibus chegou. Cigarro no chão. Agora a lombar, a dor, a cabeça vão garantir o almoço de amanhã.

Legbara diz que vai dar certo. Mas antes de mais nada, as amarras precisam ser destruídas.

O tambor já tá na fogueira...

Por Max D'Carmo

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